(…) é no jornal que o povo encontra o seu pão espiritual de cada dia. o jornal descortina-lhe o mundo, vencendo distâncias. é a lanterna mágica do progresso. é a força propulsora e condutora das massas insatisfeitas, para as grandes reivindicações de seus direitos postergados pela cáfila absorvente dos magnatas de todos os tempos. quando o povo geme escravo, entorpecido pelas algemas do cativeiro, indiferente à violência paralisante do grilhão, o jornal é o sangue novo, forte e generoso a nutrir-lhe as células dormentes, a despertar-lhe os neurônios amortecidos, a ondear-lhe, nas veias, a torrente vigorosa e enérgica da revolta. o povo precisa de mais gritos que o estimulem, de mais vozes que lhe falem ao sentimento. eis por que surgimos… (editorial de lançamento de o povo, por Demócrito rocha, 1928)
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O jornalista, poeta e político Demócrito rocha nasceu em caravelas, na Bahia, em 14 de abril de 1888, e faleceu em fortaleza, Ceará, em 29 de novembro de 1943. perdeu os pais antes dos cinco anos, sendo criado pela avó e tia, tendo que trabalhar como operário em oficinas de estrada de ferro com 12 anos de idade. chegou em fortaleza em 1912, para assumir cargo de telegrafista alcançado por meio de concurso público. casou-se com Creuza do Carmo, com quem teve duas filhas: Albaniza e Lúcia. em 1921, formou-se em odontologia e passou a ministrar aulas na faculdade em 1922. em 1924, fundou a revista “Ceará ilustrado”, na qual seria criado o concurso do “príncipe dos poetas cearenses”. já autor das famosas “notas” do jornal “o Ceará”, de matos Ibiapina, Demócrito tinha um gabinete dentário apenas para atendimento da população carente.